quinta-feira, 21 de maio de 2015

Souls with My Shoes - a video-dance performance with real people

GUELRA

During the project the participants will be requested to join into creative processes, by appealing to their memory, motivated by my shoes, in order to produce a video-dance performance.


                                     
       
                                                                                                  
                                           
                                                                                                   
                                                                                                          
                                                      
 




segunda-feira, 17 de novembro de 2014

art are all arts


"art are all arts"1







Este trabalho é um estudo interdisciplinar2 sobre o movimento expresso nos escritos de um grupo de coreógrafos que trabalharam na Arte Total, entre 2012 e 2014 e as suas respectivas obras (ver escritos&obras). Mas é, também, um estudo do movimento que surge quando a Dança e a Escrita  se encontram com os meus alunos e bailarinos co-criadores, numa série de variações, de formas de sentir ou de formas de comunicar. É um acontecimento textual, onde um trabalho com duas áreas aparentemente não relacionadas – Dança e  Escrita  – se agencia como uma “linha quebrada que corre entre (os) dois”(Deleuze, 1990, p. 27) dando origem a conecções arbitrárias e à produção de textos (os meus).


Assim, este estudo assume-se como uma engrenagem textual composta por quatro partes, um prólogo e um epílogo. No prólogo mostro a forma metodológica do projecto, focado na evolução a-paralela das ideiassegundo uma linha ou linhas que não estão nem em uma nem na outra, e que carregam um 'bloco'."(p. 27) de duas áreas de expressão distintas. É nesta parte que apresento como fui relacionando o material recolhido e o material armazenado na minha memória com os respectivos contextos, com as minhas leituras e com a minha frustração em reconhecer em alguns autores a solução simples da minha pesquisa. É apresentada, também, a persistência do movimento no pensamento escrito de quem dança e é definida a figura de movimento imóvel3 que encontrei no acto da escrita. Esta figura é o leitmotiv da minha escrita. Desta forma, a figura imóvel4 surge como recurso estilístico da minha escrita mas, também, como a voz que desejo ver implicada no meu processo de pesquisa em educação artística – porque “(...) ter uma idéia não é ideologia, é a prática” (Deleuze, 1990, p.53).


Posteriormente surgem quatro partes que se constituem num todo heterogéneo. A análise do movimento é guiada por quatro apores de textos e coreografias particulares, entrevistas e dados recolhidos em observação não participante. Através deste apor diferentes perspectivas de movimento são discutidas:



1- movimento como transformação


2- interacção entre movimento e outras artes
Paulo Henrique

3- movimento como meio de pensar o corpo e os seus limites
Peter Michael Dietz



Através desta reflexão são definidos novos contextos: o movimento e a sua relevância nos textos dos coreografos, bailarinos e alunos co-criadores.
Na última e conclusiva parte, tudo será transportado para um objecto/coisa/ máquina/experiência/trabalho coreográfico onde tentarei finalizar a minha ideia de escrita em dança.


1 Souriou, Étienne (1983 [1969]) A Correspondência das Artes: Elementos de Estética Comparada, São Paulo: Cultrix / EDUSP, trans. Maria C. Queiroz e Maria H. R. da Cunha. p.2.
2 O nome interdisciplinar surge para explicar que o projecto não trata da tradução, da paráfrase, do relato ou da explicação de um processo de trabalho com o corpo, mas sim de uma tentativa de pensar a escrita e os corpos que dançam, em simultâneo. Assim, esta nota explicativa serve, também, de homenagem a Jorge Larrosa pelo seu brilhante texto “O Ensaio e a Escrita Académica”, publicado na revista Educação e Realidade, Jul/dez 2003, 28 (2) : 101-115. “A questão é que o mundo acadêmico está altamente compartimentalizado e tenho a sensação de que toda essa moda da transdisciplinaridade, da interdisciplinaridade e coisas desse estilo, não faz outra coisa senão abrir novos compartimentos, como se não fossem suficientes os que já temos. É como se estivéssemos fabricando especialistas na relação, na síntese, no "inter" e no "trans"; como se houvesse uma política acadêmica da mestiçagem; como se além das raças puras estivéssemos inventando os especialistas em impurezas, quer dizer, nas relações entre as raças puras.” ( Larrosa, 2003: 106)
3 A ideia foi do meu cão. Descreveu-me movimentos sempre deitado no mesmo tapete preto de pelo de carneiro. Durante as suas descrições fui construindo movimentos e cenários impossíveis. Percebi o quanto é bom pensar que corro e que posso criar mil figuras de movimento imóvel.

4 Tenho o hábito de falar pelo meu cão. Dar-lhe voz, dá-me prazer. É um encontro a dois. A voz é uma ponte que nos liga. Ou melhor, que me liga com o mundo. Encontrei nele um corpo que diz coisas. Na verdade sempre desconfiei que alguma coisa mais habitava dentro de mim, para além de mim. Este felpudo fala de dentro de mim, quase sempre quando me dirijo a muita gente e estou só. Fala de tudo. Liga assuntos e evoca memórias. Não se importa com procedimentos académicos. E dança. Dança muito com as palavras. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Caixa de esmolas








Caixa de esmolas
A caixa é um espaço imenso, igual ao que rasgo com a minha cabeça. É um espaço fechado, com ranhuras onde se depositam riquezas. O chão da caixa revela as marcas de quem a calca e nela vive. É um lado. Penso mais nele porque tenho o hábito de olhar para o chão. Funciona como um mapa que nos indica as ruas de uma cidade. Indica-nos sítios importantes que devemos visitar. Mas, também nos indica a esquina onde encontramos o que mudou a nossa vida. E tudo tem um tempo de duração. Começa e acaba. A cabeça rasga o espaço com velocidade. Tentarei fazer-lhe corresponder um corpo. Forçarei o corpo para ser veloz. E a escrever. Depois junto todos os escritos. Selecciono, corto e volto a juntar. Monto um novo mapa. Repito os caminhos. Repito muitas vezes. Sento-me e descanço. Falo sobre o que me aconteceu. Anoto as diferenças e volto a trabalhar.
A Caixa de eslomas é um acontecimento textual, mas também é uma engrenagem de linhas de características aparentemente não relacionadas que dão origem a conecções arbitrárias. É, também, um experimento textual em que o apor se torna num mecanismo que produz as suas próprias ligações. O mecanismos que emergiu desta experiencia desenhou direcções inesperadas e sensações surpreendentes que só a imaginação do meu cão conseguiu superar. É um estudo sobre o que não pode ser comparado e que só pode ser correspondido. As similitudes e diferenças, as concordâncias e dissonâncias, só fazem sentido se as tornarmos em motivos de mudança.